-Ele me parece tão infinito! Sua imensidão de vidas desconhecidas, a escuridão, e o maior prazer em estar só.
Havia um horizonte em seu olhar, ela brilhava, ela o servia.
-A cabeça é a única que pesa. Pode-se ouvir um oco, o som do quase silêncio, sente as veias pulsando, o coração batendo, os dedos se enrugando, e a paz de não se esforçar.
Cansaço. Seus olhos demonstravam agora o cansaço.
-O medo da morte e o amor aos outros prazeres mundanos.
Ela inclinou o peito ao sentir o vento tocar seu rosto, abriu os braços como se fossem asas e sorriu.
-Sentir os pulmões pulsarem em busca de oxigênio, estar o mais próximo da ausência da gravidade e então, a vontade de mergulhar na solidão profunda. É profano e incrivelmente equilibrado, quanto mais fundo, mais parte de tudo aquilo você é.
O olhar e sorriso se perderam, ficou fazia, lembrou-se de algo.
-Mas é pena.
-Pena? – Indaguei.
-Pena que o sal te corrói.
Silêncio e quietude.
-Mas infelizmente nenhum portador de águas doces tem a imensidão ou sequer a vida que ele carrega em si.
Seu maior prazer eram as águas, e a única coisa que a aproximava da morte.
Raquel Silva_Prepara-me.