Mesmo que enquanto dormia algo lhe puxasse os pés abominavelmente, ela
nunca passaria a acreditar no bicho papão. Era como se a realidade tomasse
conta da fantasia, não faz sentido. A fantasia é algo instável, algo
imutavelmente bela, do seu cotidiano. Já a realidade; Não pode ser! -pensava- O
bicho papão não pode ser fantasia, é real! Como é possível estar à puxar meus
pés
a noite. Não. Estão loucos em dizer que tal ser é fantasioso.
A
duvida corria a solta, os seres místicos teimavam em não crer no bicho papão.
-Como ele é?
-Parece um monstro, Picea! Roubam flores do nosso jardim sem nem ao
menos pensar na vida das coitadas!
-Não
creio que seja possível, que ser fantasioso faria tal absurdo? Impossível,
impossível!
-Ouço
meus vizinhos reclamarem de uma moradora da vizinhança, Tulipa, que está à
beira da loucura. Dizem que o bicho papão anda rondando seu quarto durante a
noite.
-À
fazer o que?
-Ela diz sentir algo puxar seus pés, acho que está puxando pela raiz.
-O que será de nós, Eucalipto?
-Uma imensa área revestida de terra sem vida.
-Mas não pode ser! Não pode ser fantasia!
No dia seguinte podiam observar a fantasia sendo tomada pela realidade, seu comandante:O bicho papão.